07/10/2009

Pessimismo em notas

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Dedos alvos enlaçavam o papel, absorvendo da tinta a ladainha em si. Seus rabiscos fizeram pó do acúmulo intenso nas pontas dos dedos, um sentimento espesso esperando para ser extraviado ao dar suas cores às palavras vis. Seus devaneios trouxeram o dedilhado de melodias sublimes, mas os dedos que musicavam a sublimidade não eram os meus, assim como o corpo petrificado em beleza adônica não me pertencia. Mas não importa, pois este ser restitui-me a voz perdida, preenche-me o vazio; preenche-me de agonia! Faz-me ansiar. Larga: afasta essa eloqüência que me destrói o íntimo quando me abraça de lado, já querendo sair. Pára de encobrir-me a alma só porque teu compasso provém do meu coração. Pára de tocar-me o âmago, pára de me fazer almejar sentir o gosto do que toca as cordas, do que encanta tanto. Eu quero.

06/10/2009

Ode ao secreto

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Guardo-te em mim no âmago.
Guardo-te em mim,

segredo sublime,

como íntimo e lhano;

ostentando-te,

secreto,

incerto.

Pois que, assim, não estou bem.

Mas se não houver de ser você,

não há de ser ninguém.

E isso me mantém.