07/09/2009

Au Clair de la Lune

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We all deserve something.
If you knew that I was dying...
Would it change you?

A alvura do cômodo combinava perfeitamente com a candura do tenro menino, que se prostrava em meio aos lençóis brancos e à monotonia enfadonha com uma única companhia, de porcelana. A boneca – um típico pierrô francês, — parecia mirá-lo, e o frágil pequeno mantinha-se absorto ao encará-la, que lhe parecia tão frágil quanto o próprio.

Os olhos, de oliva inexpressiva, estudavam a imagem à sua frente. No rosto triste, uma típica lágrima estava pintada na porcelana, enquanto, por entre os traços tênues do infante, escorria uma gota de vida.

E então, ele chorava; gotículas de seu sofrimento dissipando-se no alvor da roupa de cama.

Era possível tiritar naquele espaço amplo e branco, a atmosfera que rodeava o infante sempre cálida. Sua presença em si lançava labaredas de vitalidade, plantando sorrisos nos rostos de outrem. Em compensação, para a consternação dos mesmos, o sorriso não demorou em apagar-se de seu rosto, os olhos fechando-se. Janela entreaberta. Corrente de ar. O frio adentrava o local, uma sonoridade cortando o silêncio um dia confortante do quarto.


[...]


Era para ser um conto, mas algo sempre me impede de escrevê-lo assim.

05/09/2009

Pull out the pin

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O ponto de fuga para a minha decepção é a essência tão, tão humana. Seu rosto alcança a superfície e expõe a verdade: tão pura, genuína, composta de imagens decrépitas que profanam a imagem toda feita de luz. Sempre houvera algo de voluptuoso e irresistível na ignorância, que manteve a minha razão seduzida por tempo demais para a minha saúde mental. Agora que a superfície fora alcançada e o ar adentra meus pulmões, queimando como na primeira vez em que o ato fora feito, eu enxergo além de sorrisos: mente estreita e rasa; adentrá-la é inútil e se perder é insanidade. Nesse exato momento, amo a distância como nunca amei o ínfimo ser e prefiro ficar à deriva do que abraçar um acolher tão sonso. Pode ser um devaneio, mas o que se exprime em meio às palavras flutuando por sob o veneno é sincero. Se a carapuça servir... Agarre-a, utilize-a para se sufocar. E morra sem me assistir insana, exaurida e acataléptica de ódio! Não haverão informações póstumas sobre isso.