07/09/2009

Au Clair de la Lune

We all deserve something.
If you knew that I was dying...
Would it change you?

A alvura do cômodo combinava perfeitamente com a candura do tenro menino, que se prostrava em meio aos lençóis brancos e à monotonia enfadonha com uma única companhia, de porcelana. A boneca – um típico pierrô francês, — parecia mirá-lo, e o frágil pequeno mantinha-se absorto ao encará-la, que lhe parecia tão frágil quanto o próprio.

Os olhos, de oliva inexpressiva, estudavam a imagem à sua frente. No rosto triste, uma típica lágrima estava pintada na porcelana, enquanto, por entre os traços tênues do infante, escorria uma gota de vida.

E então, ele chorava; gotículas de seu sofrimento dissipando-se no alvor da roupa de cama.

Era possível tiritar naquele espaço amplo e branco, a atmosfera que rodeava o infante sempre cálida. Sua presença em si lançava labaredas de vitalidade, plantando sorrisos nos rostos de outrem. Em compensação, para a consternação dos mesmos, o sorriso não demorou em apagar-se de seu rosto, os olhos fechando-se. Janela entreaberta. Corrente de ar. O frio adentrava o local, uma sonoridade cortando o silêncio um dia confortante do quarto.


[...]


Era para ser um conto, mas algo sempre me impede de escrevê-lo assim.

1 comentários:

Mel. disse...

O título lembra aquela composição do Debussy. Ela e o texto são lindos =)